
Terminada as celebrações natalinas onde tive a oportunidade de visitar em dez dias dez comunidades, volto para casa em preparação a uma peregrinação missionária de quinze dias, visitando quinze comunidades. Serão mais de oitenta quilômetros a pé, levando comigo o mínimo necessário, buscando aproximar-me da realidade do povo Macua.
Irão comigo três seminaristas do seminário maior da arquidiocese de Nampula: Mateus, Otávio e Agostinho. São vocações de uma das paróquias que sou pároco. O seminário os envia para férias com uma carta, solicitando acompanhamento e avaliação dos serviços realizados em um mês na paróquia.
A novidade desta peregrinação já se espalhou pela paróquia e muitos me perguntam: Padre porque ir a pé se o senhor tem carro? Tento dizer que foi uma inspiração do ano paulino. São Paulo caminhou muito a pé e não mediu esforços para comunicar a boa notícia de Jesus Cristo e seu Evangelho.
Além da motivação do ano paulino e da vontade de conhecer as comunidades, fiz este programa de visitas porque já percebi a repercussão de uma visita do padre. É uma festa quando chega a equipe missionária, porque algumas comunidades ficam um, dois ou até cinco anos sem celebrar a eucaristia. O povo se organiza e todos os ministérios da comunidade são envolvidos. São momentos fortes de evangelização, partilha, novidades, dança e celebração da eucaristia que ocupa lugar central.
O programa da peregrinação combinado com os anciãos, pastores da comunidade, é: visita as casas dos doentes, confissão, encontro com a juventude, celebração da eucaristia, escuta das preocupações e caminhada até a próxima comunidade.
Serão quinze dias “sem” muitas necessidades que tenho: energia elétrica, rede telefônica, fogão a gás, colchão para dormir, sem chuveiro, xícara de café, garfos e facas para comer. No entanto, serão dias “com”: partilha, convivência, oração, deserto, festa e realização pessoal. É muito gratificante estar no meio deste povo, embora sem condições de “fazer” ou “produzir” algo, nem responder a todas preocupações e pedidos, contudo é uma oportunidade única de estar presente de forma gratuita compartilhando a mesma fé no Cristo morto e ressuscitado. Oportunamente irei compartilhar com vocês esta experiência.
Desejo a todos que 2009 seja portador de uma vida renovada no mestre de Nazaré. Paz!
Pe.Maurício da Silva Jardim
Missionário em Moçambique