quinta-feira, 31 de julho de 2008

Missão em Moçambique


O projeto missionário de Moçambique existe há quinze anos como compromisso da Igreja do Rio Grande do Sul. A missão localiza-se na arquidiocese de Nampula, nas paróquias de Larde e Micane, distrito de Moma, com cento e trinta comunidades. A realidade deste país grita por solidariedade. Como nos diz os missionários Pe. Camilo e Fabiano: “Um povo que vive abandonado, quase sem médicos, dentistas, agrônomos, poucos professores e enfermeiros. São raros os locais de energia e telefone. As estradas e os transportes são precários. A média de vida é quarenta anos. Mais de sessenta por cento da população analfabeta e mais de cinqüenta por cento da população é portadora do vírus HIV”(Livro Partilhas da África, Paulos).
Bendito seja o Espírito de Deus que colocou em meu coração a inquietação de partir para esta terra de missão. Aprendi que a missão começa com presença e compaixão. Exige deslocamento e partida. É a graça da conversão de ir ao encontro, de sair de si, desinstalar-se do comodismo e colocar-se a serviço dos que estão à margem dos “grandes progressos”.
Pensei e rezei muito antes de tomar esta radical decisão missionária. Alguns me questionaram: Por que tão longe? Aqui também não é terra de missão? Claro que aqui é terra de missão, também com grandes desafios para todo povo de Deus. Não é por falta de necessidade ou de trabalho pastoral que estou partindo. Mas simplesmente porque tem lugares mais necessitados de presença e compaixão de um pastor.
Neste dias que antecedem a partida, tenho feito uma leitura de inspiração Bíblica-espiritual e descobri no contexto de minhas experiências de família, fé e Igreja, uma força do Espírito de Deus que foi desde cedo me preparando. É algo a ver com identidade. Somos missionários por natureza do batismo. Este apelo me acompanhou em diferentes situações da vida. Acho importante mencionar os lugares que foram minha escola missionária. Primeiro, a família que me ensinou o amor solidário com os mais pobres e a partilha do que somos e temos. Segundo, a comunidade de Sapucaia do Sul, de onde venho e nas comunidades onde exerci o ministério. Nelas aprendi a importância da presença e do compromisso missionário. Carrego no coração o dinamismo do projeto Missão Popular que nos trouxe a consciência de que na Igreja de Cristo, todo batizado missionário. Terceiro, os cinco anos de liberação diocesana como assessor da pastoral da juventude. Neste lugar aprendi com a juventude o que significa mesmo ser missionário. Chegamos a rodar 150.000 Km para chegar aos 62 municípios de nossa arquidiocese. Foram anos de graça no projeto missão jovem. Outro lugar de aprendizado missionário se deu na fraternidade de padres Jesus Cáritas, lá conheci muitos padres europeus, comprometidos com o povo brasileiro.
Sem dúvida, vou na coragem de tantos que já partiram. Tive a graça de acompanhar e visitar o Pe.Loivo que está na igreja irmã do Xingu e do Rodrigo na Amazônia. Também recordo do Pe.Camilo, Pe.Fabiano, Pe.Roberto e Pe.Almo quando foram a Moçambique. A coragem e decisão deles sempre me inquietaram.
Muito contribuiu recentemente o espírito missionário da Igreja na América Latina, traduzido no documento de Aparecida. É um novo pentecostes em nossa Igreja que exigirá mudanças estruturais. “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (370, Aparecida).
Agradeço a comunidade Caravaggio e a arquidiocese de Porto Alegre na pessoa de Dom Dadeus Grings que me enviam na missão de Moçambique. Rezem por este missionário e vivam intensamente este ano Paulino, apóstolo de Cristo.

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